Negação do Ego e Disciplina no Ministério do Evangelho
Passagem Bíblica: 1 Coríntios 9:1-27 Versículo-Chave: "Tudo faço por causa do evangelho, para dele me tornar coparticipante." (1 Coríntios 9:23) Proposição: O ministério de Paulo é um exemplo de alguém que limita sua própria liberdade e direitos em prol do Evangelho e da salvação das almas.
I. O Direito de Paulo ao Sustento Financeiro (1-14)
Nesta seção, Paulo defende seu direito como apóstolo de ser sustentado financeiramente pelo ministério, embora ele mesmo não tenha exercido esse direito em Corinto.
• A. Autoridade como Ministro (1, 2): Paulo estabelece sua autoridade não apenas como um cristão livre, mas também como um apóstolo enviado por Cristo. Ele foi um dos fundadores da igreja em Corinto, e o próprio crescimento e fé dos crentes são a prova de sua autoridade apostólica.
- ¹ Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo Senhor nosso? Não sois vós a minha obra no Senhor? ² Se eu não sou apóstolo para os outros, ao menos o sou para vós; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor. 1 Coríntios 9:1,2
• B. Direitos como Ministro (3-5): Paulo questiona se ele e seus companheiros de ministério não têm o direito de receber sustento. Ele argumenta que têm o direito de receber sustento para suas necessidades básicas (comida, bebida) e, se tivessem, para suas famílias.
- ³ Esta é minha defesa para com os que me condenam.⁴ Não temos nós direito de comer e beber?⁵ Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 1 Coríntios 9:3-5
• C. Fundamentos para o Direito ao Sustento (5-14):
◦ 1. O Exemplo de Outros Apóstolos (5, 6): Paulo aponta para os outros apóstolos e para os irmãos do Senhor, que eram sustentados em seu ministério.
- ⁶ Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? 1 Coríntios 9:6
◦ 2. O Princípio do Direito Comum (7): Ele usa exemplos da vida diária (soldado, agricultor, pastor) para ilustrar que todo trabalho merece recompensa.
- ⁷ Quem jamais milita à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta o gado e não se alimenta do leite do gado? 1 Coríntios 9:7
◦ 3. O Ensino das Escrituras (8-10): Citando a lei de Moisés sobre o boi que debulha o trigo (Deuteronômio 25:4), Paulo mostra que Deus se importa até com os animais de trabalho e, portanto, se importa muito mais com aqueles que trabalham na Sua obra.
- ⁸ Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo?⁹ Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois?¹⁰ Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. 1 Coríntios 9:8-10
◦ 4. O Direito do Santo Ministério (11-13): Paulo argumenta que, se aqueles que servem no ministério espiritual dão coisas espirituais, é justo que recebam em troca coisas materiais. Ele também faz um paralelo com o sacerdócio no templo, que era sustentado pelas ofertas.
- ¹¹ Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? ¹² Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.¹³ Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? 1 Coríntios 9:11-13
◦ 5. A Ordem do Senhor (14): Finalmente, Paulo recorre a uma ordem direta de Jesus, que instruiu Seus discípulos a serem sustentados por aqueles a quem ministravam (Mateus 10:10; Lucas 10:7).
- ¹⁴ Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. 1 Coríntios 9:14
II. A Negação do Ego de Paulo e a Recusa de Seus Direitos (15-23)
Apesar de ter todos os direitos acima, Paulo decide não exercê-los, demonstrando uma profunda negação de si mesmo em prol da missão.
• A. Ele Recusa Seus Direitos Ministeriais para Ganhar uma Recompensa (15-18):
- ¹⁵ Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória. ¹⁶ Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!¹⁷ E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada.¹⁸ Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho. 1 Coríntios 9:15-18
◦ 1. Sua Recusa é Voluntária (15): Ele afirma que prefere a morte a ser privado de sua razão de glória.
◦ 2. A Pregação é uma Obrigação (16, 17): Paulo não pode deixar de pregar o Evangelho, pois foi uma responsabilidade que lhe foi confiada. A pregação em si não lhe dá glória, pois é uma obrigação.
◦ 3. Sua Recompensa é Pregar de Graça (18): Sua verdadeira recompensa e motivo de glória é poder pregar o Evangelho sem ser um fardo financeiro para ninguém.
• B. Ele Limita Seus Direitos Humanos para Ganhar os Perdidos (19): Paulo se torna escravo de todos por amor, para que possa ganhar o maior número possível de pessoas para Cristo.
- ¹⁹ Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais 1 Coríntios 9:19
• C. Ele Limita Seus Direitos Cristãos para Alcançar os Perdidos (20-22):
◦ 1. Para alcançar os judeus, ele vive como um judeu.
◦ 2. Para alcançar aqueles sob a Lei, age como se estivesse sob a Lei.
◦ 3. Para alcançar os gentios, age como se estivesse sem a Lei.
◦ 4. Para alcançar os fracos na fé, torna-se fraco.
• D. Ele Faz Tudo pelo Evangelho (23): O motivo por trás de toda essa negação e sacrifício é o Evangelho. Ele faz tudo para ser coparticipante das bênçãos do Evangelho, ou seja, para participar da obra de Deus de forma mais eficaz.
- ²³ E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele. 1 Coríntios 9:23
III. A Disciplina e a Privação Pessoal de Paulo (24-27)
A vida cristã e o ministério não são um passeio. Eles exigem disciplina e autodomínio, comparáveis ao treinamento de um atleta.
• A. O Cristão Deve Viver e Servir para Ganhar o Prêmio de Deus (24): Paulo usa a analogia de uma corrida. Assim como em uma corrida, apenas um vencedor recebe o prêmio, mas ele motiva os crentes a correrem de tal forma que todos possam receber o prêmio eterno.
- ²⁴ Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. 1 Coríntios 9:24
• B. Treinamento e Disciplina Rígidos são Necessários (25-27):
◦ 1. Seu Prêmio é Eterno e Incorruptível (25): O prêmio de Deus é de valor duradouro, diferente de uma coroa perecível que um atleta recebe.
◦ 2. Ele Corre com Determinação (26): Paulo não corre sem propósito. Ele tem um objetivo claro e se esforça para alcançá-lo.
◦ 3. Ele Luta para Vencer (26): Ele compara seu ministério a um boxeador, que luta com um objetivo, não apenas para bater no ar.
◦ 4. Ele Deve Submeter Seu Corpo ao Controle Total (27): Paulo reconhece que a disciplina física é crucial para sua vida espiritual. Ele subjuga seu corpo para não se desviar do caminho.
- ²⁵ E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.²⁶ Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar.²⁷ Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado. 1 Coríntios 9:25-27
• C. Pregando a Outros, Ele Não Pode Ser Desqualificado (27): O maior medo de Paulo é, após pregar a outros, ser ele mesmo reprovado ou desqualificado do prêmio. Essa é a motivação máxima para sua disciplina pessoal.
Veja também
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PARA REFLETIR: O que a disposição de Paulo em abrir mão de seus direitos e confortos nos ensina sobre nosso próprio compromisso com o Evangelho? Onde podemos aplicar essa mesma mentalidade em nossa vida e em nosso ministério?
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