Deus, em silêncio?
Por que sofremos? Esta questão
intriga a humanidade ao longo dos anos. Buscam-se respostas, mas as que são
dadas não confortam o suficiente no momento da dor. Buscam-se culpados para
descarregar toda a dor; quando não os encontramos, Deus torna-se responsável.
Diante da falta de palavras o silêncio é a maneira de assimilar a dor e seguir
a caminhada. Mas como seguir sabendo que dor e sofrimento são possibilidades eminentes?
Por queas vezes o silêncio de Deus permanece diante do sofrimento? Em um primeiro
momento parece ser uma questão ousada, porque sugere uma afronta a Deus e
dúvidas a respeito de seu amor pela humanidade. A intenção não é essa.
O silêncio é a mola propulsora da
questão que relaciona Deus e o sofrimento humano. Diante da realidade apresentada
e dos desafios propostos surge a questão do silêncio. O que é silêncio? O
silêncio não significa ausência; é uma forma de comunicação, que ao ser
descoberta por nós muda nossa maneira de relacionar-se com Deus. O silêncio é
um grito tão forte que ensurdece, paralisa as pessoas que o escutam. Silenciar
não denota imobilidade, ele é a ação de calar-se diante de uma realidade. Será
que Deus se silencia diante da dor? A partir da Palavra de Deus conhecemos quem
ele é, podemos ser orientados por ele. O que Deus nos fala com o silêncio? O
silêncio diante do sofrimento demonstra que ainda esperamos? Um conhecer um
pouco mais a Deus? O silêncio é um mistério; desconhecemos qual é a Palavra.
Estabelecemos aqui uma nova relação: silêncio e palavra. Através da Palavra
conhecemos a Deus e sabemos que existe um silêncio. “No principio era a Verbo e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós (...)” (JO 1:1-14) No
princípio a Palavra estava com o Pai, logo era silêncio. Ela torna-se carne,
comunica-se a partir do Filho. Silêncio e Palavra são ao mesmo tempo um, e
diversos. A força está na fé e se estabelece uma relação entre Pai e Filho,
aqui também se estabelece uma relação entre Palavra e Silêncio. O Encontro
entre Silêncio e Palavra é o Espírito Santo. Nele está presente o Pai e o
Filho, o Silêncio e a Palavra. A mesma relação que estabelece Deus, Jesus e
Espirito Santo, estabelece entre Silêncio, Palavra e Encontro. Onde os três são
um e um são três. O revelar-se de Deus é um ato livre e gratuito de sua auto
comunicação, onde é necessário preservar e comunicar. O Pai é identificado com
o Silêncio, sua comunicação se dá através do Filho que é a Palavra. Essa
relação é, ao mesmo tempo, união e distinção. União, porque por meio da Palavra
chega-se ao Silêncio. Distinção, porque o Silêncio nem todo é Palavra. Falar da
relação entre Palavra e Silêncio é, afirmar que falar de Cristo é calar e calar
sobre Cristo significa falar. Quando a Palavra é Silêncio, ela é adoração do mistério
e quando fala, ela é sempre, ao mesmo tempo, incompleta, revolucionária e
inesperada.
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by Pixabay |
Por Danielle De Paula Torres
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